Erro de comunicação pode ter provocado batida entre navio e empurrador que naufragou em Óbidos

Erro de comunicação pode ter provocado batida entre navio e empurrador que naufragou em Óbidos

O inquérito que aponta as causas do naufrágio do empurrador TBL CXX ocorrido no dia 2 de agosto de 2017, próximo ao município de Óbidos, oeste do Pará, matando nove pessoas, foi apresentado na manhã desta segunda-feira (8) pela direção do Grupamento Fluvial de Segurança Pública da Pará.
As causas foram apresentadas primeiro para as famílias, e em seguida para a imprensa, por meio de imagens de satélites junto aos áudios dos rádios usados para troca de diálogos entre os comandantes das embarcações. No cenário haviam quatro embarcações, e em nenhum momento houve comunicação entre Navio da Mercosul e o empurrador TBL CXX.
Segundo o delegado da Polícia Civil e diretor do Grupamento Fluvial, Dilermando Dantas, o inquérito apontou que o prático do Navio Mercosul estava se comunicando com uma outra embarcação, achando ser o empurrador da TBL CXX da empresa Bertolini. No momento havia um intenso tráfego de comunicação via rádio VHF.
“O prático do navio do Mercosul Santos estava se preocupando excessivamente com uma embarcação que estava do lado direito, desprezando a existência do empurrador TBL CXX, que vinha em frente. Dois minutos antes do acidente uma outra embarcação surge, que é o empurrador Dom Francisco VI que estava mais adiante, repassando as informações de localização”, disse o delegado.
Foi nesse momento que o prático do navio iniciou diálogo com essa nova embarcação achando que seria o empurrador TBL CXX, que era a embarcação mais próxima. No áudio dos rádios é possível perceber que o prático do navio do Mercosul Santos se recusou a fazer a manobra, solicitando a ação da outra embarcação.
O diretor explicou que a regra internacional de manobra diz que quando duas embarcações estiverem se aproximando em direções opostas, em rota de colisão ou na eminência de rota de colisão, cada um tem que guinar para o boreste, ou seja pegar o lado direito – o que é chamado de manobra roda-a-roda.
“Foram desprezados os procedimentos legais de segurança pelo prático do navio. O empurrador TBL CXX tentou fazer a manobra, tanto que os lemes estavam todos virados para a direita quando a embarcação foi retirada do fundo do rio. Já o navio não. O cenário era favorável. Tinha 1km para um lado e 1,5 km para o outro. Assim como estava boa de profundidade para qualquer um dos lados”, completou.
O inquérito totalizou em 31 depoimentos e 16 pessoas ouvidas. Os dois sobreviventes do empurrador TBL CXX apenas sentiram a colisão, mas não viram o que de fato aconteceu, segundo o delegado.
O prático e o imediato do navio da Mercosul foram indiciados por terem desrespeitado uma regra de navegação. “Somando todas as mortes e as duas vítimas que sobreviveram, a punição será alta. Penalidades por conta dos sobreviventes e por cada uma das mortes”, finalizou.


Sobre o naufrágio
No dia 2 de agosto, por volta das 4h30min, no Rio Amazonas, nas proximidades da cidade de Óbidos (Pará), aconteceu o acidente entre um navio carregado com contêineres e um comboio formado por um rebocador e nove balsas da Transportes Bertolini que estavam carregadas com milho, proveniente de Porto Velho e destinada às cidades de Santarém e de Barcarena (Pará).
Da tripulação de 11 pessoas, dois tripulantes (César da Silva e Euclinger Silva Costa) foram resgatados e os demais ficaram desaparecidos até o içamento da embarcação no dia 6 de dezembro de 2017, quando os corpos foram localizados e removidos.

Fonte: G1

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