Carência de voos regulares entre Macapá e Manaus afeta serviço de praticagem, diz Conapra
Depois da reclamação de comandantes de navios amargarem prejuízos com a deficiência no serviço de praticagem, essencial para auxiliá-los durante a navegação, o Conselho Nacional de Praticagem (Conapra) revidou as acusações e apontou a ausência de voos diretos de um lugar para outro na região amazônica como responsável pelos atrasos no transporte de carga ao longo da Zona de Praticagem-01 (ZP-01) – que abrange desde a foz do Rio Amazonas (Macapá/AP) até Itacoatiara (porto próximo de Manaus/AM).
“Não só os nossos profissionais, como qualquer pessoa que necessita se deslocar para outros lugares, enfrentam transtornos para chegar onde precisam”, disse o presidente do Conapra e do Sindicato dos Práticos do Estado do Amapá, Ricardo Falcão, se referindo a Macapá (AP), onde apenas duas companhias aéreas operam na emissão de passagens.
Para chegar a Manaus (AM), por exemplo, o prático tem que pegar um voo de Macapá para Belém (PA) e, de lá, outro para Manaus. Sem contar nos quilômetros que ainda tem que percorrer até chegar à embarcação. Segundo Falcão, os contratempos durante a navegação são cíclicos. E se intensificam no período das férias de julho e dezembro e datas comemorativas como o Círio de Nazaré celebrado em Belém (PA), épocas em que o preço das passagens sobe assustadoramente, a exemplo também da realização de concurso público nos estados.
Em dias normais o custo das passagens varia de R$ 158 (promoção) a R$ 260. Já em períodos de maior fluxo, esses valores saltam para R$ 700 chegando até a R$ 2 mil. Mesmo com o serviço de táxis aéreos, as condições climáticas é outro agravante para inviabilizar pousos seguros em meio à chuva.
Com relação à disposição de práticos que os comandantes dizem ser insuficiente para a demanda crescente por navegação na maior zona de praticagem do planeta, Ricardo Falcão afirma que “sempre houve um rigoroso controle da Marinha do Brasil sobre a quantidade”. Atualmente existem cerca de 80 profissionais operando na bacia amazônica e mais 32 praticantes sendo formados.
No início de agosto, a Capitania dos Portos da Amazônia Oriental e o Conselho Nacional de Praticagem receberam denúncias de que, comandantes de navios que operam na ZP-01 estariam se recusando a embarcar aquaviários em fase final de formação. A denúncia foi feita pelo gerente de praticagem da Bacia Amazônica Oriental, Fernando Augusto. Segundo ele, entre 13 de maio e 8 de agosto deste ano, nove empresas que fazem o transporte de carga – conhecidas como armadores – negaram o embarque de praticantes de práticos. São elas: Aliança Navegação e Logística, MercosulLine, Maestra, Ultrabulk, MSC, W.Sons, Norsul, Elcano e CMA CGM.
“Esta denúncia vai completamente de encontro às recentes declarações dos armadores, que insistem em dizer que a falta de práticos seria a principal causa de atrasos no atendimento aos navios da ZP-01”, revidou Falcão que considerou a ação ilegal e que inviabiliza a formação de novos profissionais.
O conflito identificado entre práticos e armadores e atrelado à deficiência na regularidade de voos na região amazônica, podem interferir drasticamente nas exportações brasileiras, se não houver uma solução urgente para o problema. De acordo com a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), a venda de mercadorias por navegação responde por mais de 80% dos produtos exportados pelo Brasil e 70% do total vendido.
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